Com conteúdo fácil de entender e acompanhar, eles prometem auxiliar os leigos em suas finanças
Orçamento e controle financeiro nem sempre foi um assunto fácil de tratar, principalmente nas classes sociais mais baixas. Os termos difíceis e a ideia de que investir ou poupar era só para quem tinha muito dinheiro acabava afastando as pessoas que, sem perceber, envolviam-se em dívidas fáceis de serem evitadas.
Com o boom das redes sociais, surgiram interessados em falar do assunto para os leigos, com dicas simples, realistas e fáceis de seguir. Mais do que falar sobre enriquecer ou escolher os melhores empréstimos e investimentos, os influenciadores ajudam em uma tarefa simples: ter controle do próprio dinheiro.
O “finfluencer” veio para ficar
Chamados popularmente de finfluencers, uma forma rápida de reduzir as palavras influenciadores de finanças (em inglês financial influencers), só no Brasil eles já são mais de 500.
No final de 2022, eles falavam para mais de 165 mil pessoas em variadas redes sociais, desde o Facebook até o Instagram, o YouTube e o Twitter. Em um comparativo com o primeiro semestre de 2021, fica claro um aumento nos indivíduos que falam do assunto, que dobrou, e do público interessado nele, que subiu mais de 70%.
Segundo Amanda Brum, gerente-executiva de comunicação, marketing e relacionamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em entrevista para a Forbes, “o aumento de influenciadores nas redes sociais coincidiu com o período de queda dos juros para 2%. Naquele momento, entendemos que os investidores ‘órfãos do CDI’ foram buscar informações sobre diversificação de carteira”.
Brum também conta que muitos membros da Anbima tinham dúvidas quanto a esse novo mercado, se os influenciadores financeiros realmente teriam todo esse poder de conquistar os investidores — e aqueles que nunca pensaram em finanças.
Conteúdo variado para ser considerado influencer financeiro
Engana-se quem pensa que o influenciador financeiro é aquele que só fala sobre investimentos. Esses perfis até existem, mas continuam atendendo quem já conhecia o assunto.
Os finfluencers de mais peso são aqueles que conseguem entregar informações claras, com linguagem acessível e mostrar ao seu público seus direitos como consumidores, pessoas físicas ou jurídicas. O principal assunto pautado é viver a vida de forma digna, sem passar por apertos.
Isso significa que o influencer não fala sobre investimentos? Ao contrário, ele consegue trazer o assunto e ligar a ideia com uma forma de economizar, comprar um imóvel ou se preparar para imprevistos.
Regras para a produção de conteúdo de educação financeira
Apesar de trazer muitos benefícios pela praticidade de encontrar nas redes sociais conteúdo acessível sobre finanças, a Anbima afirma que é preciso colocar regras para que a situação não fuja do controle.
Afinal, assim como existem muitas pessoas que realmente entendem do assunto e, após estudos e testes, decidiram ensinar seus métodos de forma simples, há quem apenas poste qualquer coisa, sem eficácia comprovada ou supostos métodos milagrosos.
No Brasil, o tema ainda é discutido, por outro lado, nos Estados Unidos, as regras já existem, tanto que Tom Brady e Kim Kardashian já foram multados por atuarem fora das normas para a educação financeira on-line.
A possibilidade das pessoas físicas investirem na bolsa
Investir na bolsa é arriscado, tanto que é preciso conhecer bem o mercado para não correr o risco de perder dinheiro. Dentre as pessoas físicas, o interesse nessa área era restrito aos profissionais com formação em economia e administração, até que as redes sociais facilitaram a disseminação de conteúdo sobre o assunto.
Em 2020, uma pesquisa realizada pela B3, Bolsa de Valores do Brasil, constatou que mais de 70% das pessoas físicas que negociavam na bolsa buscavam informações nas redes sociais. Os canais de YouTube foram a principal fonte, porém, os perfis dos influenciadores vieram logo atrás.
Além disso, a expansão dos fóruns online e sessões de perguntas e respostas nas redes sociais tem desempenhado um papel fundamental no esclarecimento de dúvidas sobre investimentos na bolsa. Iniciantes e investidores mais experientes têm utilizado essas plataformas para debater estratégias, compartilhar análises e buscar conselhos.
Essas interações têm contribuído para a democratização do acesso à informação financeira, tornando o mercado acionário mais acessível para um público mais amplo e diversificado. A troca de conhecimentos em ambientes interativos, como sessões ao vivo de Q&A, tem sido particularmente valiosa para aqueles que estão começando a explorar as possibilidades de investimento na bolsa.
Conclusão
A pesquisa da B3 em 2020 revelou uma tendência significativa no mercado financeiro brasileiro: a crescente influência das redes sociais na tomada de decisão dos investidores individuais. A predominância do YouTube como principal fonte de informação reflete a busca por conteúdo acessível e educativo.
Simultaneamente, o papel crescente dos influenciadores digitais na orientação de decisões de investimento evidencia uma mudança no comportamento dos investidores, que agora valorizam não apenas as informações técnicas, mas também as experiências e percepções pessoais compartilhadas online. Essa tendência ressalta a importância de avaliar a credibilidade e a qualidade das informações obtidas nas redes sociais, especialmente em um contexto tão sensível quanto o mercado financeiro.
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