Língua Portuguesa: tudo sobre acentuação gráfica nas paroxítonas terminadas em ã/ãs, i/is, us, um/uns

Entenda de forma clara e definitiva como funciona a acentuação das palavras paroxítonas com essas terminações segundo o Acordo Ortográfico

A acentuação gráfica é uma das áreas mais sensíveis do ensino da Língua Portuguesa, especialmente quando falamos das palavras paroxítonas — aquelas cuja penúltima sílaba é a mais forte. Entre essas, as que terminam em ã/ãs, i/is, us, um/uns geram dúvidas constantes tanto entre estudantes quanto entre profissionais que utilizam a escrita no dia a dia. O motivo principal é que essas terminações abrangem palavras com forma e origem diversas, algumas adaptadas do latim, outras do grego, e muitas com acentuação definida por convenções fonéticas e estéticas que, por vezes, parecem arbitrárias.

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde 2009, não alterou diretamente as regras de acentuação dessas paroxítonas, mas reforçou padrões e esclareceu dúvidas quanto à aceitação de certas formas — especialmente na convivência entre português brasileiro e português europeu. Neste artigo, você encontrará uma análise aprofundada e educativa sobre como acentuar corretamente essas palavras, com explicações, regras práticas e exemplos atualizados, tudo para que você nunca mais erre ou hesite nesse tema tão recorrente.

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O que são palavras paroxítonas?

Antes de avançarmos para as terminações específicas, é fundamental entender o conceito de paroxítonas. As palavras paroxítonas são aquelas cuja sílaba tônica — ou seja, a sílaba pronunciada com mais intensidade — é a penúltima. Em português, esse é o tipo mais comum de acentuação. Por exemplo: caderno, mesa, difícil, álbum.

As regras de acentuação para as paroxítonas preveem que essas palavras devem receber acento gráfico sempre que terminarem em certas letras ou combinações específicas: i, is, us, um, uns, l, n, r, x, ão, ãs, entre outras. Portanto, os grupos que estudaremos aqui estão dentro dessa lógica normativa.


Paroxítonas terminadas em ã e ãs: musicalidade nasal e acento agudo

Palavras terminadas em ã ou ãs apresentam uma sonoridade nasal característica do português. São palavras frequentemente femininas, com forte carga semântica e fonética. Nessas paroxítonas, utiliza-se o acento agudo para indicar a tonicidade na penúltima sílaba.

Exemplos clássicos:

  • órfã / órfãs
  • dólmã
  • ímã

Nesses casos, o acento agudo cumpre o papel de evitar que a última sílaba seja interpretada como tônica, o que modificaria a pronúncia e comprometeria o entendimento. Vale destacar que esse padrão é estável tanto no português brasileiro quanto no europeu.


Paroxítonas terminadas em i e is: uma aparente exceção que confirma a regra

As terminações em i e is são comuns em palavras derivadas do grego, do latim e em estrangeirismos aportuguesados. Nessas paroxítonas, a tonicidade recai na penúltima sílaba, e o acento agudo ou circunflexo se mantém para marcar essa tonicidade.

Exemplos:

  • beribéri
  • íris
  • júri / júris
  • lápis
  • cútis

Note que, apesar da terminação ser uma vogal simples, o acento é necessário para indicar que a penúltima sílaba é a tônica, pois sem ele a leitura recairia sobre a última sílaba — transformando-as em oxítonas e mudando a pronúncia correta.

O Acordo Ortográfico não eliminou nenhum acento nesses casos, pois são essenciais para preservar a inteligibilidade e a fonética correta das palavras.


Paroxítonas terminadas em us: entre substantivos latinos e palavras modernas

Terminações em us normalmente ocorrem em palavras que vêm do latim ou que foram formadas por derivação no português. Por serem paroxítonas, exigem acento gráfico para evitar leitura equivocada da sílaba tônica.

Exemplos comuns:

  • vírus
  • húmus
  • bônus
  • ônus
  • tônus

É importante destacar que o Acordo Ortográfico prevê a convivência de grafias com acento agudo e circunflexo para algumas dessas palavras em países lusófonos. Assim, no Brasil usamos bônus, ônus, tônus (com circunflexo), enquanto em Portugal também é aceita a grafia bónus, tónus (com agudo).

Essa flexibilidade atende à realidade fonética de cada país, respeitando suas normas educacionais, mas mantendo a norma culta de forma padronizada.


Paroxítonas terminadas em um e uns: a nasalidade final marcada por acento

As palavras com terminações um e uns também seguem a mesma lógica de tonicidade na penúltima sílaba e precisam de acento gráfico. Muitas delas são substantivos herdados do latim com uso comum em textos formais, científicos e jurídicos.

Exemplos segundo o Acordo Ortográfico:

  • álbum / álbuns
  • fórum / fóruns

Outros exemplos importantes:

  • quórum / quóruns
  • memorândum / memorânduns
  • ultimátum / ultimátuns

A função do acento, nesses casos, é marcar a tonicidade da penúltima sílaba, indicando que a leitura correta se dá em “ál-bum” e não “al-BUM”, por exemplo.


A coexistência dos acentos agudo e circunflexo: um detalhe fonético-cultural

O Acordo Ortográfico aceita variações em algumas palavras em função das pronúncias em diferentes regiões. Isso se aplica a palavras como pênis/pénis, tênis/ténis, bônus/bónus, Vênus/Vénus.

No Brasil, a forma com acento circunflexo é a preferida e considerada correta: pênis, tênis, bônus, Vênus. Em Portugal, a tendência é pelo uso do acento agudo: pénis, ténis, bónus.

Essa flexibilidade mostra a riqueza da língua portuguesa e como ela se adapta fonética e culturalmente a diferentes contextos. No entanto, é essencial seguir o padrão oficial do país em que se escreve.

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Conclusão

Dominar as regras de acentuação gráfica das paroxítonas terminadas em ã/ãs, i/is, us, um/uns é um passo fundamental para a excelência na escrita da Língua Portuguesa. Essas palavras seguem padrões fonológicos claros e regras que, embora pareçam complexas à primeira vista, tornam-se intuitivas com prática e observação.

O Acordo Ortográfico não mudou a essência dessas regras, mas reafirmou critérios que valorizam a pronúncia correta e o entendimento mútuo entre os falantes do português no Brasil e em outros países. O uso correto do acento gráfico nessas palavras não é apenas uma questão de estética, mas de clareza, precisão e respeito à norma culta da língua.

Para quem escreve profissionalmente, estuda para concursos ou apenas deseja se comunicar com propriedade, compreender profundamente esses detalhes linguísticos é uma vantagem significativa. A ortografia é uma ferramenta de expressão e, quando bem utilizada, transmite conhecimento, credibilidade e domínio da linguagem.

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